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sábado, 21 de maio de 2011

"Imagem e Semelhança": a queda, a graça e o comum desentendimento da fé cristã


A música é boa, como costuma ser quando vem de compositores tão capacitados: Bena Lobo, Kiko Constantino e Milton Nascimento. Chama-se "imagem e semelhança" (álbum Pietá do Milton) e manifesta uma inquietação comum entre muitos. Como tudo fica muito óbvio na letra, a apresento antes de um mínimo comentário:

Pai do Céu
Me manda alguma ajuda
A luz numa mensagem, careço de saber
Senhor, só preciso de um recado
Há coisas nesta vida
Que não posso entender

Será sua imagem e semelhança
Não, meu Pai do Céu
Não posso acreditar
Não dá

Alguém inventou essa balela
A gente não merece
De longe comparar
Falta de respeito, no começo,
Nem se acha um herdeiro
Na glória de amar
Veio seu Filho salvar a terra,
Tanto sacrifício,
Alguém mereceu,
Será?

Buda, oxalá ou Krishna, muito amado
Nos fizeram andar
Mas resta a pergunta do começa,
Tô tanto tão distante de ter sido feito,
A sua imagem, Pai.

É legítima a questão, além de formulada de uma forma completamente poética. Mas se origina de uma leitura da fé cristã que deveria ser comum somente a partir de um contexto não-cristão. Ou seja, parece-me normal que um budista ou hindu se inquiete assim a respeito do cristianismo. Já um cristão ou alguém que está inserido em meio a uma população majoritariamente cristã deveria ter uma visão ampla o suficiente de nossa proposta, a ponto de lembrar de duas palavras esquecidas: queda e graça.

Considerando-se a entrada em cena do pecado, fica mais razoável esse distanciamento moral óbvio entre nós e o Criador. Já o reconhecimento da graça exclui a expectativa de merecimento. Por isso, é extremamente importante, até mesmo imprescindível, que a fé cristã não seja divulgada apenas  em sua superficialidade, e que não sejam enfatizados somente os componentes legalistas da religião, mas que a encarnação da Palavra seja compreendida pela explanação da história de Salvação, enquanto plano movido por um amor imensurável. Tenho por certo que o cristianismo, se desprovido da noção da Graça, seria mais uma religião entre tantas outras, e, muito provavelmente, não seria das melhores.

Os cristãos que você conhece (talvez de sua igreja, inclusive) entendem o cristianismo de forma plena? Eles sabem o que é o Evangelho? Sabem o que é graça?

Um abraço,

C.

P.S.: A qualidade do vídeo não é das melhores, mas é o único que encontrei no Youtube.


 

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